OS PROFISSIONAIS DO SEXO QUE EXISTIRAM AO LONGO DA HISTÓRIA
CULTURA
A-do-ro trazer cultura e contextualizações históricas a respeito desse assunto que ainda é tão polêmico. Embora hoje em dia as pessoas que se dedicam à prostituição sejam — quase sempre — marginalizadas, nem sempre a atividade foi vista como o produto da falta de oportunidades ou de circunstâncias desfavoráveis. Na verdade, conforme você verá nos exemplos a seguir, a profissão se transformou bastante ao longo da História e, em alguns casos, as profissionais do sexo chegaram a ser incrivelmente influentes e respeitadas.
As Auletrides, da Grécia Antiga
Embora muitas mulheres tenham se dedicado à prostituição ao longo da história grega, entre as mais ilustres, sem dúvida, estavam as Auletrides. Elas exerciam suas atividades e pagavam impostos ao Estado como qualquer trabalhador, e sua profissão envolvia muito mais do que apenas oferecer sexo aos seus clientes.
Muitas Auletrides eram talentosas ginastas, acrobatas, cantoras e até esgrimistas, portanto, além de serem contratadas para “agradar” aos homens, era comum que elas fossem chamadas para realizar apresentações em festivais públicos e inclusive cerimônias religiosas. Essas mulheres podiam receber pequenas fortunas por seus trabalhos e, no geral, eram respeitadas em sua época — tanto que muitas foram imortalizadas pela arte e literatura.
Os Tellaks do Império Otomano
Como você sabe, a prostituição não é uma atividade exclusivamente feminina, e ao longo da história existiram exemplos de rapazes que também se dedicaram à profissão, como é o caso dos Tellaks do Império Otomano. Eles surgiram com a popularização dos banhos turcos durante o século 15 e eram jovens garotos empregados para ajudar a banhar e massagear os frequentadores — e, às vezes, agradá-los sexualmente.
Os meninos eram bem pagos pelos seus serviços e podiam guardar todo o dinheiro que ganhavam. Como a sodomia era proibida na época, os tellaks encontravam formas alternativas de satisfazer os clientes, e muitos inclusive acabavam se envolvendo emocionalmente com os frequentadores dos banhos turcos.
Com a queda do Império Otomano, os jovens tellaks foram substituídos por atendentes adultos — e as atividades de cunho sexual desapareceram por completo. No entanto, até hoje o termo “hamam oglani” (ou algo como “menino do banho”) é usado pejorativamente na Turquia em referência aos homossexuais.
As cortesãs da Itália renascentista
Durante o período renascentista, as cortesãs italianas desfrutaram de uma liberdade e de um estilo de vida aos quais poucas mulheres da mesma época puderam aspirar. Ao contrário da maioria, que só tinha acesso à educação se fosse enviada a conventos pela família, as cortesãs podiam estudar livremente e ainda conseguiam conquistar o mesmo tipo de estabilidade e segurança que as mulheres casadas — enquanto exploravam a própria sexualidade.
Não é a toa que as cortesãs eram consideradas por muitos como as mulheres mais bem educadas de sua época, e sabe-se que, além de oferecer sexo, elas podiam discutir temas como a diplomacia, a poesia e a filosofia com seus clientes e amantes. Aliás, algumas delas se tornaram tão influentes que chegaram a afetar a política ao compartilhar suas opiniões com homens poderosos.
As Oiran do período Edo, no Japão
As gueixas, ao contrário do que muita gente pensa, não eram prostitutas, mas sim mulheres treinadas especialmente para entreter o público masculino. Na verdade, não é segredo que algumas gueixas faziam sexo com seus clientes — e que diversas acabaram se tornando amantes e protegidas de figurões poderosos —, mas a função de agradar aos homens sexualmente era mesmo das Oiran.
As Oiran eram as prostitutas mais requintadas do período Edo — que se estendeu entre o século 17 e 19 —, quando a atividade ainda não era considerada ilegal no Japão. Essas mulheres eram respeitadas, geralmente se vestiam com uma elaborada vestimenta e se comunicavam de maneira extremamente formal, portanto, era comum que elas fossem chamadas para “agradar” aos homens da nobreza.
As Ganika, da Índia
Ao longo de sua História, a Índia reconheceu nove classes diferentes de prostitutas, que incluíam as Kumbhadasi, Paricharika, Kulata, Sawirini, Nati, Shilpakarika, Prakashavinashta, Rupajiva e Ganika — sendo que as que pertenciam a esse último tipo estavam no topo da hierarquia da profissão.
Isso porque, enquanto muitas das mulheres que pertenciam às demais classes praticavam a prostituição por pertencerem a determinadas castas ou por serem forçadas pelos próprios maridos para conseguir uma renda extra, as Ganika precisavam dominar 64 modalidades diferentes de artes — como a pintura, música, poesia e artes teatrais — antes de exercerem suas atividades sexuais.
Além disso, ao contrário de prostitutas de classes inferiores, que muitas vezes eram obrigadas a viver em bordéis, as Ganika podiam conquistar posições de destaque em cortes reais e residir em confortáveis casas — e até contar com serventes à sua disposição. Ademais, além de serem apreciadas por sua beleza, seus talentos e conhecimento refinado as tornavam respeitadas o suficiente para acompanhar seus amantes em festas e eventos públicos.
FONTES: Flaviane Brandemberg
-CHARNELBLOG- 2016-