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CURSO INÉDITO NO BRASIL VAI ENSINAR HOMENS A FAZER SEXO ORAL EM MULHERES

ARTIGOS

Cartaz do filme 'Ninfomaníaca', de Lars Von Trier

Aulas acontecerão em outubro em Salvador, mas educadora sexual não desconsidera versão em outros estados. Interessados podem contar ainda com a alternativa de um curso individual online.


O nível de satisfação das brasileiras com o sexo oral de namorados, maridos e affairs motivou a educadora sexual e jornalista Aline Castelo Branco a elaborar um curso que pretende ensinar aos homens como contentar suas parceiras nesse quesito. Inédito no Brasil, as aulas acontecerão em outubro em Salvador e a pesquisadora em sexualidade pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) não descarta a possibilidade de oferecer o treinamento em outros estados. Os interessados têm ainda a possibilidade de contratar a aula individual online. Aline Castelo Branco é diretora da empresa Mundo da Intimidade conhecida por idealizar cursos práticos voltados para melhorar a experiência sexual de casais heterossexuais. Ela já ministrou curso para mulheres de sexo oral e masturbação. E foi nessas duas experiências que recebeu das alunas pedidos de treinamento voltado para os homens. “Quando lançamos o primeiro curso em 2013, tivemos uma repercussão muito grande. Foram 300 mulheres capacitadas e muitas delas me questionaram sobre a modalidade voltada para homens e disseram que seus companheiros não sabiam fazer sexo oral e elas não conseguiam sentir prazer”, afirma.


Já no curso de masturbação para mulheres, que aconteceu há 15 dias, as reclamações voltaram a aparecer. Foi então que Aline decidiu divulgar a ideia do curso de sexo oral homens para ver como seria a reação. “Anunciei primeiro nas redes sociais onde começou o burburinho. Passamos, então, a receber e-mails de homens interessados. Só hoje pela manhã [até 9h antes de a entrevista começar] recebi 410. As mensagens chegam de forma muito positiva, elogiando a iniciativa e demonstrando interesse em aprender para dar prazer à companheira. Foi uma grande surpresa essa reação dentro do contexto machista no qual vivemos. Espero agora que essa quantidade de e-mail se reverta em presença e que não seja apenas uma euforia do momento. Para mim, essa recepção é uma prova de que estamos no caminho do rompimento de barreiras e os homens que estão aí se mostram dispostos a evoluir sexualmente”, observa.


"Como pesquisadora, acredito e provo que a sexualidade é aprendida" - Aline Castelo Branco

As inscrições serão abertas em 1º de outubro. Em princípio são 60 vagas, mas Aline diz que é possível ampliar para 100. A educadora sexual diz que, por enquanto, não vai divulgar nem local nem preço e que os interessados devem enviar mensagem para cursosintimidade@gmail.com. “Temos recebido muitos pedidos de Minas Gerais para realizar o curso de sexo oral para homens no estado. Por conta dessa e de outras demandas estamos desenvolvendo uma plataforma para oferecer o curso via internet. É uma maneira de atingir todo o Brasil”, afirma. Junto com sua equipe, da qual fazem parte ginecologista, urologista e sexóloga, e a partir das pesquisas que Aline desenvolveu no mestrado, além da própria experiência, a educadora sexual classificou três tipos de sexo oral em mulheres que estão equivocados e que podem ajudar os homens a identificar o que estão fazendo de errado. “O ‘Homem Lambida de Vaca’ é aquele que passa a língua de cima para baixo incessantemente, algo errado e que não dá prazer nenhum. Temos também o ‘Homem Sugador’, aquele que faz bico de peixe e fica tentando puxar o clitóris e que pode provocar dores terríveis na parceira. O terceiro é o ‘Homem Furadeira’, aquele que fica com o rosto para lá e para cá, sacudindo a vagina e o clitóris da mulher”, explica ela. Sobre como se desenrolará o curso, Aline faz mistério e diz que não vai dar detalhes. “Posso dizer que os homens vão conhecer como é órgão genital da mulher, muitos deles só querem penetrar a vagina e desconhecem a anatomia feminina completamente. Eles vão aprender a diferença entre vulva e vagina, onde é o clitóris, quais os pontos erógenos ao redor do órgão genital da mulher e que podem ser explorados para aumentar a excitação. Para isso, utilizaremos próteses e fotos de diferentes tipos de vulva porque cada mulher tem um corpo diferente”, diz. Ela revela ainda que está desenvolvendo um kit que será entregue a cada aluno e que servirá para auxiliar na prática. “O curso será ministrado por um homem que vai explicar sobre o movimento correto da língua e como proporcionar orgasmos vaginais e clitorianos”, explica. Aline Castelo Branco aponta a ausência de uma educação sexual de qualidade para homens e mulheres como a grande barreira para a satisfação sexual na vida adulta. “Como pesquisadora, acredito e provo que a sexualidade é aprendida. Por isso, trabalho com os cursos. A pornografia é, até hoje, um processo pedagógico que o indivíduo usa para ‘aprender’ a se relacionar sexualmente”, salienta. Há 10 anos trabalhando com a temática, ela acredita que a mulher está se propondo a se descobrir mais. “Cada vez mais elas têm buscado conhecimento em livros, filmes e vídeos educativos para entender a própria sexualidade. No entanto, essa busca é ainda mais voltada para dar prazer ao companheiro do que para a própria satisfação. Infelizmente ainda vejo muito isso. As mulheres precisam primeiro se empoderar do próprio corpo e do próprio prazer para depois pensar na satisfação do outro”, defende.

FONTE Valéria Mendes - Saúde PlenaPublicação: 29/09/2015 10:06 Atualização: 29/09/2015 10:52

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