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HISTERIA CONTA A DIVERTIDA HISTÓRIA DA INVENÇÃO DO VIBRADOR

CULTURA

“Histeria” é um filme de época que tem uma história curiosa e cativante para contar: a da invenção dos vibradores elétricos. São objetos que hoje pertencem aos sex shops ou congêneres, que não escondem sua função de oferecer prazer às mulheres. Pois é bom saber, e é isso que o filme mostra, que eles já foram encarados como objetivos científicos, capazes de promover a cura, ou pelo menos o alívio, da histeria, mal que afligia grande número de mulheres em fins do século 19 e que perdurou sendo visto como doença até 1952.

Na Londres dos anos 1880, o Dr. Robert Dalrymple (Jonathan Pryce, de “G.I. Joe – A Origem de Cobra”) tem um consultório médico especializado em tratar da histeria, e procura fazê-lo por meio de massagens no interior da vagina. Como a histeria era considerada uma doença do útero, esperava-se que, com esse tratamento, as mulheres alcançassem o paroxismo. Sim, porque as mulheres seriam incapazes de chegar ao orgasmo. E não se tratava de prazer, de sexo ou de sexualidade. Era uma coisa meramente física, mecânica.

A clínica foi tendo sucesso e acabou por incorporar o jovem médico Dr. Mortimer Granville (Hugh Dancy, de “Os Delírios de Consumo de Becky Bloom”), que se torna muito assediado por sua capacidade como massageador manual e acaba entrando para a história por ter criado e patenteado o vibrador elétrico, contando com a colaboração de um amigo rico, fascinado pela eletricidade, papel de Rupert Everett (“O Casamento do Meu Melhor Amigo”).

Em meio a essa descoberta, Mortimer vive uma história de amor, ou duas, para ser mais preciso – com as irmãs vividas por Maggie Gyllenhall (“Batman – O Cavaleiro das Trevas”) e Felicity Jones (“Loucamente Apaixonados”). Seus romances servem para ilustrar o papel da mulher naquele período, os limites impostos a elas e as mudanças que estavam a caminho. Além disso, confronta-se a medicina tosca, que predominava, com a descoberta dos germes, que mudariam os hábitos de higiene, incorporando a água e o sabão no lavar de mãos, por exemplo. A trama também coloca, lado a lado, a prática da medicina da elite e a do atendimento ao povo, exigindo posicionamentos claros dos personagens.

Enfim, é uma boa discussão, embora o filme a trate de forma leve e ligeira, inclusive divertida.

O que mais impressiona na comédia da diretora Tanya Wexler (“Ball in the House”) é mesmo a negação da sexualidade, mesmo se fazendo massagem nas vaginas das mulheres, manualmente, ou descobrindo o vibrador. Parece incrível que se pudesse aplicar a masturbação feminina como tratamento assexuado da histeria.

Foi preciso que virasse o século e os estudos de Freud trouxessem à tona não só o desejo sexual feminino como a sexualidade infantil, e se criasse um tratamento terapêutico por meio da palavra, sem massagens ou objetos estimuladores.

A ciência, os tratamentos médicos e psicológicos avançaram enormemente, mas o famoso vibrador continua tão charmoso e sedutor quanto foi no final do século 19. Conhecer a sua história é, portanto, algo muito interessante e atual.

TRAILER HISTERIA 2011

ARTIGO PUBLICADO em 01 ago 2013 por Antonio Carlos Egypto

http://pipocamoderna.virgula.uol.com.br/histeria-conta-a-divertida-historia-da-invencao-do-vibrador/215681

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